Na verdade é a segunda vez que visito este estado, mas confesso que da primeira quase nada restou em termos de memórias. Agora vim sob o prenúncio de neve, já que visitaria São Joaquim, a famigerada cidade mais fria do Brasil. No entanto, no dia que cheguei, o clima esquentou.
E esquentou ao ponto de permitir observar algumas coisas bem peculiares. A começar por um refrigerante que é orgulho regional, o Pureza. Só que, no caso, meu pai passou rapidamente de carro e leu: Dureza. Passamos horas refletindo sobre o porquê de alguém tomar um guaraná com esse nome: será que eles fazem uma espécie de desafio de resistência? Até o dono da empresa deve ter achado o sabor difícil de engolir.
No dia seguinte, no município de Urubici, pequena cidade turística também na região sudoeste da Catarina, avistamos o curioso e criativo salão de beleza “Navalhada“. Bom, eu certamente não me arriscaria a mudar o visual por lá. Motivos óbvios. Mas títulos tão pouco publicitários quanto este ainda nos seriam apresentados.
Foi quando indo visitar a vinícola Villa Francioni, nós, eu e minha grande família composta por mãe, pai e três pirralhas, uma já no início de sua adolescência, percebemos o inusitado hotel “Fogo Eterno“. O que levaria alguém a se hospedar em um recinto com um nome desses? Eu tive certeza, o interior do belo estado do sul do nosso país não era dos melhores para atribuir nomes aos seus negócios.
Não acabou aí. Na volta para nossa hospedaria passaríamos por uma cidadezinha quase fantasma. Aliás, o nome não deixava restar dúvidas: São José dos Ausentes. Foi assim que eu assimilei as coisas e um filme veio em minha cabeça, em uma receita um tanto quanto suicida: primeiro o sujeito bebe um Dureza, depois leva uma Navalhada, em seguida parte para o Fogo Eterno e acorda em São João dos Ausentes.
Viajar é muito bom, mas chegar em casa, sem dúvidas, deve ser melhor ainda.